HERMES, PRESO EM SEU PRÓPRIO LABIRINTO
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“...e termina a frase rabiscando um grande círculo de lápis em torno do problema”.

Um grande círculo* de metal construído dentro de uma sala de exposição. O círculo envolve uma pilastra, como um desses quebra-cabeças que devemos separar duas peças, mas a ação parece impossível já que o círculo, completamente fechado, atrapalha tal movimento.

Seu tamanho e posição nos impedem de vê-lo como uma “representação” meramente gráfica ou figura geométrica simples e, portanto, apenas acreditamos em sua forma. Nossa experiência desse círculo é fragmentada e se dá a partir de seções curvas que nos sugerem a ideia de uma “forma ideal”.  

Mas o que pensar desse círculo?
Compreender um texto é, antes de mais nada, poder ser por ele interpretado. E o processo de compreensão distingue-se de outros processos intelectivos, pois procede segundo um movimento circular que vai da pré-compreensão do todo à compreensão das partes e da compreensão destas até o sentido do todo.      

Pode-se fazer um caminho que se aproxima ao dos geômetras, que utilizam as formas visíveis e falam delas, embora não tratem delas em si, mas dessas coisas de que são um reflexo. Estudam o círculo e a diagonal propriamente ditos, e não a imagem deles. O que realmente procuram é poder vislumbrar essas realidades que apenas podem ser contempladas pelo pensamento.
Ou o circulo pode ser visto como esse labirinto, onde não há escadas a subir, nem portas a forçar, nem cansativas galerias a percorrer, nem muros para impedir a passagem. Oferecendo assim ao espectador a experiência de entendimento e desentendimento, bem como a constante conversão de um para o outro. O círculo questionando tudo que ele mesmo representa: método, seu caráter de mensageiro e, finalmente, a própria hermenêutica, demonstrando as consequências heterogêneas de sua intervenção.        

O observador/leitor entra no espaço e cai em um labirinto circular de entendimento da própria forma que o aprisiona, e que é pelo espaço/contexto aprisionada. Seu conhecimento prévio o leva a interpretar, que o leva a certo entendimento, que por sua vez modifica a realidade, modificando assim seu “novo” conhecimento prévio da situação, que o leva uma nova interpretação, que o leva a...
        

* Tenhamos em mente que o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, contradizem-se, escorregam e caem...         


Hermes's Labyrinth

Pontogor’s project was selected from over 100 proposals submitted to the first open call for the Hello.Again programme. The Brazilian artist from Rio de Janeiro occupies Pivô’s ground floor with a large metal circle, built inside the space itself, and surrounding its iconic supporting column. It is impossible to separate the column from the circle, as its diameter is larger than the room, unsettling the usual layout of Pivô’s reception. Visitors cannot see the whole circle so must move around it in order to fully understand it. Reflecting on the idea of comprehension as a circular process, Pontogor calls attention to the physical perception of the object in space, which precedes any possible conceptual interpretation around its image.

Exposição
Labirinto de Hermes – Pontogor
Abertura: Sábado, 30/05/2015 - 15h
30 Mai—22 Ago 2015
Visitação: TER - SEX: 13h - 20h, SAB: 13h - 19h
Entrada: Gratuita

Edifício Copan, loja 54
Avenida Ipiranga, 200
01046-925 São Paulo Brasil
t +55 11 3255 8703
contato@pivo.org.br
http://www.pivo.org.br/